O meu Tio hoje faz anos. Por tudo o que representa para mim, aqui vai uma pequena homenagem, com um poema da sua autoria.
Já o musiquei e tornei-o numa das canções de que mais gosto.
Por hoje, ficamos só com o poema…
Da série “Poemas sem Título”
Horas vagas, vazias de tempo
Cheias de ócio em lânguido lazer
Cheias de nada que julgo esquecer
Em horas mortas do meu pensamento
Hora a hora
As horas passam
Que me importa
Que nelas façam,
Se hora a hora
Deus melhora
Diz o povo em seu rifão
Cada hora uma paixão
E eu já contei tanta hora
Horas e horas...De horas vagas,
Sem intervalos....Horas inteiras
Esperando outras mais verdadeiras
Em horas mortas do meu pensamento
Hora a hora
As horas passam
Que me importa
Que nelas façam,
Se hora a hora
Deus melhora
Diz o povo em seu rifão
Cada hora uma paixão
E eu já contei tanta hora
Muitos Parabéns!
Tenho um Tio 14 anos mais velho que eu. A sua aparência jovial, acabava por, na fase dos meus 18-20 anos (32-34 dele), dar a ideia que éramos quase da mesma idade. (Bom, o meu Tio se me estiver a ler, já deve estar todo babado). Depois deste pequeno parêntesis vou deixar registada para a posteridade uma situação que hoje, para nós é realmente hilariante, mas extremamente constrangedora na altura.
Num outro Post falarei dele e de mim e das nossas “coincidências”, mas hoje irei falar da “Aventura do Metropolitano”.
Na época, vivia ele em casa dos meus pais, preparando o “salto” para o lado de uma “moçoila” muito simpática, a quem hoje chamo Tia. A “safada” tanto andou, tanto andou, que se deixou catrapiscar lá pelo rapaz. Coitada!... Aquelas coisas de mulheres, todos sabemos…
Diariamente, as manhãs repetiam-se. Saíamos de casa juntos, viajávamos juntos até determinado ponto, para depois nos separarmos, seguindo cada um o seu caminho.
Saíamos de casa à mesma hora, apanhávamos o comboio à mesma hora, entrávamos na mesma porta da carruagem, apanhávamos o mesmo Metro e, durante o percurso, encontrávamos sempre as mesmas pessoas…
O meu Tio, sempre macambúzio até ao primeiro café da manhã que só o bebia depois de se separar de mim, não abria a boca. Claro que isso não impedia que comunicássemos com o olhar e fossemos “gozando o pagode” todo o caminho. Ou porque era a mini-saia de uma rapariga que passava, ou o nariz empinado de outra, ou o buço de uma terceira. Podia ainda ser a gravata de um qualquer indivíduo, ou a camisa, ou o cheiro…
Enfim!...
Era no trajecto para o comboio, era no comboio, era na ligação com o metro e durante a viagem de metro. Havia sempre motivo para nos divertirmos silenciosamente.
A “malta” ia tão entretida a desfrutar as “cenas” que nos circundavam, que não reparávamos na TRETA que nos estava a acontecer!...
Bom, às sextas-feiras, o meu Tio ia para Lisboa trabalhar com um saco de viagem. É que o fim-de-semana, eram “dias de amasso” (expressão da Patrícia) passados no Alentejo, com a então, minha futura Tia.
Nos outros dias da semana despedíamo-nos normalmente, pois reencontrávamo-nos à noite. Mas nas sextas-feiras era diferente. Sempre fui habituado a despedir-me dos meus familiares mais velhos com um beijo.
Claro que era o que fazia quando me separava dele no Metro.
As primeiras vezes nem reparei no olhar das pessoas porque, como já contei, íamos demasiado distraídos.
Uma sexta-feira, no entanto, depois do meu Tio sair do Metro, ficando eu sozinho e mais concentrado no que me rodeava, pelo canto do olho, apercebi-me dos olhares de reprovação das pessoas, particularmente de uma senhora de idade que viajava sempre naquela carruagem.
Achei estranha a reacção. Tentei perceber se, na segunda-feira seguinte o comportamento seria o mesmo. Achei algum retraimento inicial, mas nada de anormal.
Até que chegou novo dia de viagem. Nesse dia é que foram elas!...
Depois de me despedir do meu Tio, houve uma senhora que diz em voz alta:
- Que poucas-vergonhas logo pela manhã!....
Na altura fiquei tão admirado e irritado que nem consegui responder à senhora.
Quando contei ao meu Tio, depois da admiração inicial, acabou por concordar comigo, teríamos de gozar a situação (e então ele, que ainda é pior que eu!).
Eheheh!...
Escusado será dizer que, durante a semana seguinte naquela carruagem do Metro, não nos calávamos e, à sexta-feira, despedíamo-nos com dois beijos na mesma, mas comigo a exclamar num tom acima do normal enquanto o meu Tio saía da carruagem:
- Tio boa viagem e dê beijinhos à Tia A.
Os queixos das senhoras começaram a cair de admiração, alguns com maior rapidez, outros só ao fim de uma semana.
Pois é!...
Raios partam isto, que a mente das pessoas é mesmo muito depravada!
. As TRETAS com o meu Tio –...
. Consultório da TRETA
. Contos da TRETA
. Lóbi
. TRETAS Sérias
. Aramis
. Retalhos da Vida de uma Enfermeira
. TRETAS Variadas
. Abrasivo
. M. M.
. a Sul
. Ora ponha aqui o seu pezinho
. Só falta um 31 na minha vida
. Peripécias e Aventuras de uma Destrambelhada
. Who am I
. Confissões de uma quase senhora
. Vermelho
. Registos
. Plátano
. Céu Encoberto, Possibilidade de Trovoada
. Iannua
. SAYURI
. Caluda