Hoje comentei um post da Canuca, com um poema de Bocage que me deixou nostálgico.
Lembrou-me as coboiadas do meu grupo de moçoilos e moçoilas, quando á noite íamos a bares com música ao vivo. A nossa “trupe”, que logo na primeira pausa do artista para refrescar a garganta, fazia um “número de sapateado", acabava por ter de terminar o espectáculo, pois o público não nos deixava mais sair do palco e só permitia a presença do artista principal, desde que acompanhado por nós.
Como a TRETA da idade já não perdoa, fazendo com que a porra dos olhos fiquem envidraçados quando me lembro de certas coisas da juventude, e não tenho vergonha de o dizer, respondendo por aqui à Dª Antónia Ferreirinha, lembrei-me que um dos números apresentados, era um recital de poesia dito por mim, em que o autor preferido era Bocage.
Vou tentar passar aqui o poema por onde começava o “número”. Sei que falta uma estrofe da qual já não me recordo na totalidade e as minhas desculpas se algumas palavras não corresponderem ao original, mas o “Alemão” se calhar já anda por aqui às voltas e eu não encontro na Net o poema.
Dvirtam-se.
A Um Tabelião caduco com mulher moça casado
Um tabelião caduco
Com mulher moça casado,
Vai portar no seu estado
Por fé o sinal de cuco.
Como já não deita suco
Por mais que puxe os atilhos,
Não lhe hão-de faltar casquilhos
Para a moça amantes novos,
Que lhe vão galando os ovos,
Ele cá criando os filhos.
Ele diz que assim o quer;
Mas de raiva dará pulos,
Vendo que são actos nulos
Os actos que ele fizer:
Sem ter direito à mulher
Que será deste demónio?
Logo então qualquer belónio
Lhe desmancha o casamento,
Porque não tem instrumento
Com que prove o matrimónio.
Tenha embora muita renda,
Seja lavrador morgado,
Mas para homem casado,
Sempre tem pouca fazenda.
É provável se arrependa
A pobre da rapariga,
Que se agatanhe e maldiga,
Quanto na noite da boda
Correr a seara toda,
E não encontrar a espiga.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
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