Segunda-feira, 25 de Agosto de 2008

O bidé da Senhora Marquesa.

 

 

 

Há um local muito aprazível, a norte de Lisboa, e a sul da Figueira da Foz (quero ver se adivinham de que local estou a falar), para onde costumo ir passar os meus fins-de-semana para “recarregar as baterias”. É uma praia para onde vou desde que nasci, à qual me afeiçoei e sem a qual não consigo passar.

 

Conhecida pelo Bidé da Senhora Marquesa, por ser uma baía, sem ondulação, onde outrora a “realeza” deste Portugal se juntava para passar a época balnear. Sendo uma baía, com água pouco batida, tem uma temperatura muito agradável, comparável frequentemente com a temperatura das águas do Algarve. Este facto permitia a Duquesas e Marquesas, conversar com a água pela cintura, fazendo sabe-se lá o quê, daqui derivando o nome “simpático” pelo qual hoje é conhecida.

 

Depois desta pequena introdução, apetece-me hoje falar de um acontecimento anual, inserido nas festas de verão da vila, “O abraço à Baía” e na “palhaçada” que está por de trás deste acontecimento.

 

Muitas notícias têm corrido sobre a eventual poluição das águas daquela baía, tudo porque a praia acaba por estar dependente da boa vontade política de duas Câmaras Municipais, a de caldas da Rainha e a de Alcobaça! (hein?... será que já adivinharam de onde estou a falar?).

Este acto de abraçar a baía, quase patriótico, pois aparecem lá sempre as revistas cor-de-rosa para noticiar, tem como objectivo alertar para a preservação da baía!..

(Preservação é: limpeza, despoluição, desenvolvimento turístico.)

 

Aqui é que começam as TRETAS!...

É que a malta que abraça a baía, é a malta que leva os canitos a passear para a praia, deixando as cagadas imensas destes bichos na areia, onde as crianças dos outros depois vão brincar (eu tenho cão e filhos).

É a malta que compra as pevides e os tremoços e deixam as cascas espalhadas em tudo quanto é sítio (Eu adoro comer umas boas pevides e tremoços com um “bjeca” a acompanhar).

É a malta que leva os almoços para os filhos comerem na praia, mas não os ensinam a deitar os resíduos nos caixotes de lixo.

É a malta que à noite entra pela praia, rasgando os panos das barracas e roubando as cadeiras.

É a malta que à noite destrói tudo por onde passa, canteiros, bancos de rua, carros.

 

É a malta que tem casa na vila, mas não põe lá os pés durante o ano e aparece no verão para poluir, estragar e aparecer nas revistas cor-de-rosa.

 

Esta atitude dá-me a volta cá dentro.

 

Recuso-me a participar no “Abraço à Baía”, porque eu abraço-a todas as semanas.

 

Fumo, mas tenho um cinzeiro de praia para não poluir.

Como tremoços e pevides mas tenho sempre um saco para as casacas.

Bebo umas cervejas, mas se não o fizer num estabelecimento, deito os vasilhames no lixo.

Almoço na praia, mas tenho um saco para os resíduos.

Tenho um cão mas levo-o a passear para o pinhal ou para o mato.

Tenho duas filhas a quem ensinei a usar o caixote do lixo e a respeitar o sítio onde estão.

Faço canoagem e vela, mas não lavo o material com água doce nos duches da praia, lavo-o em casa.

 

Enfim, se gostam realmente desta baía, abracem-na todos os dias que lá forem. A melhor fotografia, é a de uma rua limpa, ou uma praia sem lixo.

 

Hoje deu-me para o sentimento!

Há dias assim!...

 

Nota final: é verdade, já sabem de onde estou a falar?

(Pémio para quem acertou)

Prémio para quem acertou

 

publicado por Tretoso_Mor às 11:59
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24 comentários:
De Atever a 26 de Agosto de 2008 às 00:47
Conheço S. Martinho do Porto apenas como visitante de inverno mas é o mesmo por todo o lado.
O campismo, como se praticava quando eu me iniciei, é uma boa escola para esses males. Tenho filha e cadela mas estive 15 dias no Algarve e nem a primeira deixou lixo na praia, porque foi educada para respeitar a Natureza e o espaço dos outros, nem a segunda pôs os pés na praia, porque não me acho no direito de "impingir" o meu gosto pelos animais a quem não tem obrigação de os aturar.
Campismo, hoje em dia, já só faço em montanha (e agora nem isso...), especialmente frequentadas por montanhistas a sério. Costumava ir até aos Picos de Europa, entre Leon e Santander, e o único ruído que se ouve às 22 horas é a de algum tipo que ressona, porque anda tudo cansado e os verdadeiros amantes da Natureza sabem respeitar os outros. Acampar em zona balnear só para quem tem o sono muito pesado, porque as bestas vêm da discoteca às 4 da madrugada aos berros.
É uma pena que nem a escola nem os pais se preocupem em ensinar deveres cívicos às crianças. Acham que a liberdade é deixá-los fazer tudo e um dia eles vão perceber que não é assim e então serão ainda mais infelizes do que nós, que temos de os aturar agora.

Abraço.


De Tretoso_Mor a 26 de Agosto de 2008 às 01:27
Atever,

Corroboro tudo o que dizes. Aliás, as minhas filhas que se iniciaram fazendo campismo comigo, fazem-no agora com os escuteiros, uma ajuda preciosa para o respeito pelo meio ambiente, pelos outros, e pelo cumprimento das regras de vivência em comunidade.

Temo apenas que muito do pessoal que hoje anda por aí a fazer asneiras, nunca consiga realmente perceber as repercussões futuras.

Um abraço.


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